A Gazeta
A coleta seletiva do lixo produzido em Cuiabá ainda caminha a passos lentos, mas o recolhimento de pneus inservíveis já é uma realidade na Capital e em outros 17 municípios de Mato Grosso com mais de 100 mil habitantes. No caso dos pneus, a pressão do Ministério do Meio Ambiente (MMA) provocou uma ação mais rápida das indústrias de pneus no cumprimento da lei de Resíduos Sólidos e da Resolução 416 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) que responsabiliza os fabricantes, importadoras e distribuidoras pela coleta e destinação final dos pneus inservíveis, que podem causar sério risco ao meio ambiente e à saúde pública.
Assim, o processo começou em março de 2007, com a criação do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis implantado pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), entidade que representa os fabricantes de pneus novos no Brasil. As destinações realizadas pela Reciclanip (entidade sem fins lucrativos criada por empresas fabricantes de pneu que tem uma rede nacional de postos de coleta) são aprovadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Após ser coletado e passar pela trituração, o pneu é reaproveitado de diversas formas, tais como combustível alternativo para as indústrias de cimento ou para caldeiras, na fabricação de asfalto ecológico, solados de sapato, borrachas de vedação, tapetes para automóveis, dutos pluviais, pisos para quadras poliesportivas e industriais.
Em Cuiabá a Companhia Sol Ltda acaba de inaugurar, em Várzea Grande, uma fábrica de picagem dos pneus em convênio com a Reciclanip. Segundo o presidente da industria, Sidney Oliveira Lima, a fábrica também é um ponto de coleta de pneus mas só pode receber o material de municípios onde as prefeituras têm convênio com a Reciclanip.
Os pneus passam pelo processo de picotagem, moagem e separação. Em seguida há a desvulcanização, mais conhecida como pirólise. Nelas, os pneus passam por caldeiras que produzem calor a ponto de romper as ligações cruzadas de enxofre sem degradar a borracha. Sidney explica que a indústria é voltada para a geração de energia para uso industrial, mas vai produzir óleo e carvão negro, ou "carvão de fumo", utilizado em caldeiras.
Apesar de afirmar que estes produtos têm mercado, em pesquisas realizadas pela Universidade Federal de Viçosa (MG), o carvão negro é de baixa qualidade e não pode ser usado na produção de novos pneus. Mesmo no caso da produção de energia, é preciso de altos investimentos iniciais para adaptação do sistema de alimentação das caldeiras e de sistemas de controle da poluição ambiental, um dos agravantes da queima de pneus (por causa do enxofre). A média de pneus retirada do ambiente e encaminhada à Companhia Sol é de 150 mil toneladas por mês, 1.700 toneladas oriundas de 18 pontos de coleta em todo o Estado. Em Cuiabá a prefeitura instalou um ponto de coleta na avenida Beira Rio e a Reciclanip, através de convênio, paga o frete para levar pneus limpos para a sede da indústria.
Fonte: http://preservemt.com.br/index.php?pg=noticia&cod=1103