Alguém se lembra que o normal era fazer um esforço sobre-humano para encaixar o carro, feito de ferro puro, em uma vaga com o famoso queixo duro? Pois bem, a direção do automóvel é a alma da condução e a busca por facilitadores neste mecanismo sempre estiveram nas mentes dos engenheiros automotivos. Quando se chegou ao conceito de que um sistema hidráulico diminuiria o esforço do motorista, os tempos mudaram. E mudaram ainda mais quando esse mecanismo se popularizou.
Mas, para entender o sistema de direção hidráulica, é preciso compreender como funciona um mecanismo simples sem auxílio. Vamos tratar, a título de explicação, de sistemas encontrados nos carros de passeio. Para conhecimento geral, há outro tipo de sistema, muito usado em caminhões e utilitários, que é o de direção de esferas recirculantes.
Sistemas de pinhão e cremalheira
Ao girar o volante, a árvore de direção transmite esse movimento a um pinhão, que é uma engrenagem redonda, para a cremalheira, que é uma espécie de trilho dentado. Só para ilustrar, a cremalheira é usada por antigos sistemas ferroviários para dar tração nas subidas de morros íngremes. O pinhão é quem transmite à cremalheira o giro do volante. Quanto menor o pinhão, maior a necessidade de giros do volante para completar o esterçamento, e assim movimentar os pneus de um lado para o outro. Em carros esportivos, como os de Fórmula 1, o comum é justamente o contrário: o pinhão é muito maior, para evitar grandes movimentações no volante para completar um ciclo na direção, deixando o carro mais dinâmico.
Sistemas Hidráulicos de direção
Na direção com assistência hidráulica, quem faz esse papel de pressurizar o óleo do sistema é a bomba rotativa, que é submetida ao motor. Ou seja, o sistema só entra em funcionamento quando o carro está ligado. Após gerar alta pressão, esse óleo alimenta um cilindro que guarda um pistão que é movimentado pela cremalheira. Este auxilia o movimento, reduzindo em até 80% o esforço do motorista, o quem em tempos de trânsito intenso e muitas manobras é altamente relevante.
Manutenção da Direção Hidráulica
Quantas vezes você já verificou o reservatório do sistema de direção hidráulica? Muitos desconhecem isto e talvez nem saibam que existe um componente rotativo que faz a gerência deste óleo no sistema e que é muito sensível à falta de óleo. Para comprovar, em ponto morto, esterce o volante de seu carro e confira no conta-giros que haverá uma ligeira queda no ponteiro. Para entendermos que a manutenção é extremamente necessária, é preciso entender que há nesse sistema:
mangueiras: que fazem o transporte do óleo para a caixa de direção e de volta ao reservatório
braçadeiras de ferro que selam o sistema;
conexões metálicas, já que é um sistema de alta pressão;
orrings: são pequenos anéis de borracha que evitam vazamentos;
partes metálicas móveis – como o pistão que movimenta a cremalheira;
cilindro que recebe a pressão do óleo;
bomba rotativa, submetida ao motor, que necessita estar constantemente lubrificada, o coração da direção hidráulica.
Quando há vazamento de óleo na caixa de direção, esse lubrificante pode danificar partes que necessitam de intensa lubrificação, como mangotes e conexões metálicas. Partes da suspensão que estão próximas à caixa e que recebem este vazamento diretamente, também sofrem incrivelmente.
Mas o pior que pode acontecer é uma falta de lubrificação na bomba rotativa, o que causará um barulho incômodo que irá, com o tempo, danificar a direção hidráulica, a enrijecendo. E o mecanismo pode travar causando a parada de todo o sistema, deixando o carro quase impossível de ser controlado. Portanto, ao acordar em um sábado pela manhã, no momento de verificar óleo do motor, a água do radiador, ou mesmo antes de lavá-lo, dê uma atenção aos outros sistemas que levam lubrificante como freios e direção hidráulica.